
O verbo coisar, é dos mais úteis que há. E a sua utilidade prende-se, obviamente, com a fantástica versatilidade do substantivo coisa, que por ser tão versátil se usa também no masculino, pois há coisas e coisos, dependendo, claro, do que se pretende designar, em cada caso. Quando no discurso (convém que seja oral) optamos por fazer uso da coisa, a indeterminação daquilo que se pretende designar pode estar relacionada com a intenção de não explicitar o que é, ou quem é («tenho uma coisa para ti»), mas sente-se sempre a enorme vantagem que essa mesma indeterminação representa, dado que as coisas nem sempre são fáceis de definir, sobretudo quando temos de nos exprimir depressa.
No nosso quotidiano linguístico, uma coisa pode ser um objeto, uma ideia, um sentimento, uma criatura animal, vegetal ou mineral. Pode designar tanto uma ferramenta («onde é que está aquela coisa para abrir tampas de frascos?») como uma pessoa cujo nome não queremos falar(«Hoje vi aquela coisa da Renata!»), uma dor («sinto uma coisa esquisita aqui»), uma atitude («foi uma coisa cruel o que você fez»), um assunto («falemos de coisas sérias»)...
Ora, era de prever que, com tanta coisa que a coisa pode significar, o verbo coisar havia de revelar-se útil em muitas situações. E eis que surgiu na nossa língua!
Não! Ainda não se encontra no dicionário que consultamos, mas e daí? Nem tudo que falamos está mesmo lá. O importante na comunicação é que a mensagem seja entendida... se a coisa foi entendível, pronto! Usamos e abusamos.
Que coisa!
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