quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O LIXO - Luís Fernando Veríssimo

TEXTO PARA A APRESENTAÇÃO DO 7º ANO

Encontram-se na área de serviço. Cada um com seu pacote de lixo. É a primeira vez que se falam.
- Bom dia...
- Bom dia.
- A senhora é do 610.
- E o senhor do 612
- É.
- Eu ainda não lhe conhecia pessoalmente...
- Pois é...
- Desculpe a minha indiscrição, mas tenho visto o seu lixo...
- O meu quê?
- O seu lixo.
- Ah...
- Reparei que nunca é muito. Sua família deve ser pequena...
- Na verdade sou só eu.
- Mmmm. Notei também que o senhor usa muito comida em lata.
- É que eu tenho que fazer minha própria comida. E como não sei cozinhar...
- Entendo.
- A senhora também...
- Me chame de você.
- Você também perdoe a minha indiscrição, mas tenho visto alguns restos de comida em seu lixo. Champignons, coisas assim...
- É que eu gosto muito de cozinhar. Fazer pratos diferentes. Mas, como moro sozinha, às vezes sobra...
- A senhora... Você não tem família?
- Tenho, mas não aqui.
- No Espírito Santo.
- Como é que você sabe?
- Vejo uns envelopes no seu lixo. Do Espírito Santo.
- É. Mamãe escreve todas as semanas.
- Ela é professora?
- Isso é incrível! Como foi que você adivinhou?
- Pela letra no envelope. Achei que era letra de professora.
- O senhor não recebe muitas cartas. A julgar pelo seu lixo.
- Pois é...
- No outro dia tinha um envelope de telegrama amassado.
- É.
- Más notícias?
- Meu pai. Morreu.
- Sinto muito.
- Ele já estava bem velhinho. Lá no Sul. Há tempos não nos víamos.
- Foi por isso que você recomeçou a fumar?
- Como é que você sabe?
- De um dia para o outro começaram a aparecer carteiras de cigarro amassadas no seu lixo.
- É verdade. Mas consegui parar outra vez.
- Eu, graças a Deus, nunca fumei.
- Eu sei. Mas tenho visto uns vidrinhos de comprimido no seu lixo...
- Tranqüilizantes. Foi uma fase. Já passou.
- Você brigou com o namorado, certo?
- Isso você também descobriu no lixo?
- Primeiro o buquê de flores, com o cartãozinho, jogado fora. Depois, muito lenço de papel.
- É, chorei bastante, mas já passou.
- Mas hoje ainda tem uns lencinhos...
- É que eu estou com um pouco de coriza.
- Ah.
- Vejo muita revista de palavras cruzadas no seu lixo.
- É. Sim. Bem. Eu fico muito em casa. Não saio muito. Sabe como é.
- Namorada?
- Não.
- Mas há uns dias tinha uma fotografia de mulher no seu lixo. Até bonitinha.
- Eu estava limpando umas gavetas. Coisa antiga.
- Você não rasgou a fotografia. Isso significa que, no fundo, você quer que ela volte.
- Você já está analisando o meu lixo!
- Não posso negar que o seu lixo me interessou.
- Engraçado. Quando examinei o seu lixo, decidi que gostaria de conhecê-la. Acho que foi a poesia.
- Não! Você viu meus poemas?
- Vi e gostei muito.
- Mas são muito ruins!
- Se você achasse eles ruins mesmo, teria rasgado. Eles só estavam dobrados.
- Se eu soubesse que você ia ler...
- Só não fiquei com eles porque, afinal, estaria roubando. Se bem que, não sei: o lixo da pessoa ainda é propriedade dela?
- Acho que não. Lixo é domínio público.
- Você tem razão. Através do lixo, o particular se torna público. O que sobra da nossa vida privada se integra com a sobra dos outros. O lixo é comunitário. É a nossa parte mais social. Será isso?
- Bom, aí você já está indo fundo demais no lixo. Acho que...
- Ontem, no seu lixo...
- O quê?
- Me enganei, ou eram cascas de camarão?
- Acertou. Comprei uns camarões graúdos e descasquei.
- Eu adoro camarão.
- Descasquei, mas ainda não comi. Quem sabe a gente pode...
- Jantar juntos?
- É.
- Não quero dar trabalho.
- Trabalho nenhum.
- Vai sujar a sua cozinha?
- Nada. Num instante se limpa tudo e põe os restos fora.
- No seu lixo ou no meu?

domingo, 26 de setembro de 2010

Professor sofre...


Frustrante é quando a gente fala duasmilquinhentasecinquentaesetevezes a mesma coisa e o os alunos fazem como Manoelito...






Mas fazer o que? Ser professor é ser paciencioso...

Profª Débora.

10 grandes mitos da Língua Portuguesa



Mito 1 – Um dia de sol é um dia “solarengo”.
Verdade – Um dia de sol é um dia soalheiro.

Mito 2 – Cada umdos caracteres tipográficos designa-se “caracter”.
Verdade – Cada um dos caracteres tipográficos designa-se carácter.

Mito 3 – A palavra “açoreano” escreve-se com E, porque deriva de Açores.
Verdade – A palavra açoriano escreve-se com I, porque à base açor se associou o sufixo -iano.

Mito 4 – A presença de álcool no sangue designa-se “alcoolémia”.
Verdade – A presença de álcool no sangue designa-se alcoolemia.

Mito 5 – Uma assinatura abreviada designa-se “rúbrica”.
Verdade – Uma assinatura abreviada designa-se rubrica.

Mito 6 – Uma grande confusão é “uma grande salganhada!”
Verdade – Uma grande confusão é “uma grande salgalhada!”

Mito 7 – O plural de DVD é “DVD’s”.
Verdade – O plural de DVD é DVD. As siglas não têm plural.

Mito 8 – Os meios de comunicação social designam-se os “m[i]dia”.
Verdade – Os meios de comunicação social designam-se os m[é]dia. Trata-se de uma palavra latina.

Mito 9 – A palavra cessão designa o acto de cessar, acabar.
Verdade – A palavra cessão designa o acto de ceder. O acto de cessar designa-se cessação.

Mito 10 – A uma pessoa indesejável (numa família, por exemplo) designamos “ovelha ranhosa”.
Verdade – A uma pessoa indesejável (numa família, por exemplo) designamos ovelha ronhosa. O nome ronha, que designa uma doença, deu origem ao adjectivo ronhoso, cujo sentido literal é: «que tem ronha». Este sentido literal, por sua vez, deu origem ao sentido figurado «pessoa indesejável».

O verbo coisar, é dos mais úteis que há. E a sua utilidade prende-se, obviamente, com a fantástica versatilidade do substantivo coisa, que por ser tão versátil se usa também no masculino, pois há coisas e coisos, dependendo, claro, do que se pretende designar, em cada caso. Quando no discurso (convém que seja oral) optamos por fazer uso da coisa, a indeterminação daquilo que se pretende designar pode estar relacionada com a intenção de não explicitar o que é, ou quem é («tenho uma coisa para ti»), mas sente-se sempre a enorme vantagem que essa mesma indeterminação representa, dado que as coisas nem sempre são fáceis de definir, sobretudo quando temos de nos exprimir depressa.

No nosso quotidiano linguístico, uma coisa pode ser um objeto, uma ideia, um sentimento, uma criatura animal, vegetal ou mineral. Pode designar tanto uma ferramenta («onde é que está aquela coisa para abrir tampas de frascos?») como uma pessoa cujo nome não queremos falar(«Hoje vi aquela coisa da Renata!»), uma dor («sinto uma coisa esquisita aqui»), uma atitude («foi uma coisa cruel o que você fez»), um assunto («falemos de coisas sérias»)...

Ora, era de prever que, com tanta coisa que a coisa pode significar, o verbo coisar havia de revelar-se útil em muitas situações. E eis que surgiu na nossa língua!

Não! Ainda não se encontra no dicionário que consultamos, mas e daí? Nem tudo que falamos está mesmo lá. O importante na comunicação é que a mensagem seja entendida... se a coisa foi entendível, pronto! Usamos e abusamos.

Que coisa!


domingo, 19 de setembro de 2010

Olá, queridos alunos!
Trouxe um vídeo pra vocês que acho muito bacana. É a revolta da vogal "i"! Isso mesmo! A letra ir quer abandonar o alfabeto!
Espero que gostem! Boa diversão!!!
Profª. Débora


quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Ano de eleição!

Oi gente! Como sabemos ( e os carros de som não nos deixam esquecer) 2010 é ano eleitoral no Brasil. Sabemos também que para ser eleitor é preciso ter no mínimo 16 anos e, portanto, acredito que nenhum aluno do Colégio Basílio's hoje possa votar, mas, como cidadão que somos, todos temos o direito de nos posicionar criticamente diante dos candidatos que se apresentam.
Aprender a votar deve ser algo almejado desde muito cedo. Compreender a importância e o valor do voto, também.
Por isso, trouxe aqui duas informações. Para os menores, trouxe o link de um site muito legal, que trata de questões políticas e ensina uma porção de coisas a respeito dos mandaos, dos cadidatos, do exercício eleitoral, entre outros. O link é este aqui: http://www.plenarinho.gov.br/
É só entrar, clicar em CIDADÃO MIRIM 2010 e navegar a vontade!

Para os maiores, trouxe algo mais denso. Como sabemos, escolher alguém para representar o povo e tomar decisões sérias e importantes não é tarefa fácil. Porém, no Brasil (infelizmente) as pessoas muitas vezes levam em consideração o carisma do candidado e acabam escolhendo pessoas despreparadas para assumirem funções tão importantes, como por exemplo, o cargo de Deputado Federal.
É fundamental conhecer a proposta de cada candidato. O que ele pretende fazer pelo povo? Ele tem condições de cumprir o que está prometendo? Qual o nível intelectual do candidato? Ele tem experiência em cargos de liderança?
Enfim, a minha intenção aqui é apolítica, ou seja, não estou me posicionando a favor de nenhum candidato mas, acho inadmissível,, que pessoas esclarecidas, estudadas e inteligentes como NÓS votemos em pessoas que não tem nenhuma proposta concreta e faz sua campanha em cima de palhaçada (literalmente), fazendo as pessoas rirem com suas piadas, a meu ver, sem graça.
Podem concordar ou discordar de mim, mas olhem primeiro, a CARTILHA DO TIRIRICA e vejam do que estou falando.
Uma coisa é usar o humor como comediante. Outra coisa é usar a mesma ferramenta para fazer política.

Fiquem a vontade para comentar. E lembrem-se: Hoje vocês estão apenas aprendendo a votar e amanhã serão vocês quem escolheram nossos governantes.
A dita cartilha encontra-se no link abaixo:

http://candidatosbizarros.net/2010/08/cartilha-do-tiririca.html

Abração!

Profª.Débora