quinta-feira, 27 de outubro de 2011

8º E 9º ANO

O teatro na Idade Média: dos templos às praças

Na era medieval, dois lugares exerceram destacada função na vida do povo: as igrejas e as praças. O teatro existia nesses dois locais.No primeiro, representavam-se peças religiosas, versando sobre temas sagrados, extraídos da Bíblia ou de lendas piedosas.

Mas o teatro viu o seu público aumentar quando saiu dos templos e passou a ser apresentado nas praças; embora as peças tivessem sempre uma atmosfera religiosa, o tema era um pouco mais livre; chamavam-se peças "profanas".

Uma delas tinha o nome de "sottise" - palavra francesa que significa "tolice", "loucura". Todas os personagens fingiam ser loucos e diziam todas as verdades que desejavam falar, sem que fossem presos ou perseguidos, pois estavam, para todos os efeitos, "representando". Essas peças satíricas agradavam bastante o público. Nos papéis de loucos, os atores podiam dizer o que os espectadores não ousavam.

O teatro medieval floresceu sobretudo na França e começou com as representações sacras, organizadas pelo clero para difundir os episódios religiosos mais interessantes. Nesse teatro, destacamos: os dramas litúrgicos, os milagres, os mistérios, a "sotie".

Os dramas litúrgicos representavam-se após a Missa, nos dias das grandes festividades, tendo como tema principal as cenas do Natal, da Paixão ou da Ressurreição de Cristo. No século XII, os Milagres substituíram os dramas litúrgicos. Nessa nova forma, os versos dão lugar à prosa e o latim vê-se preterido pelo francês. Além disso, os autores já não eram apenas sacerdotes, mas leigos, e as representações passaram a ser realizadas no adro das igrejas, abandonando o interior dos templos.

Uma outra característica distingue os Milagres: enredos profanos,embora de significação ou fundo moral.

O teatro religioso da Idade Média atingiu o seu clímax no século XV, quando apareceram os Mistérios, apresentados nas praças. As cenas da história bíblica, assunto principal, viam-se intercaladas com episódios cômicos - as farsas - , o que evitava a monotonia dos espetáculos, geralmente muito longos.

O teatro da Idade da Idade Média refletia a atmosfera medieval,de cunho religioso.Nas igrejas ou nas praças, o povo assistia aos Mistérios, aos Milagres, às farsas, caracterizando-se como uma dramatização de fontes bíblicas. A própria "Divina Comédia", de Dante,foi uma obra poética com características de teatro, e marcada também pela visão das coisas divinas.

Teatro

A origem do teatro refere-se às primeiras sociedades primitivas que acreditavam nas danças imitativas como favoráveis aos poderes sobrenaturais para o controle dos fatos indispensáveis para a sobrevivência.

Em seu desenvolvimento, o teatro passa a representar lendas referentes aos deuses e heróis.

O teatro apareceu na Grécia Antiga, no séc. IV a.C., em decorrência dos festivais anuais em consagração a Dionísio, o deus do vinho e da alegria.

A palavra teatro significa uma determinada arte, bem como o local físico em que tal arte se apresenta.

A implantação do teatro no Brasil ocorreu em razão do empenho dos jesuítas em catequizar os índios.

8º E 9º ANO

Teatro Medieval

O teatro e a cultura medieval

Desde que – há exatos vinte anos - comecei a lecionar História da Educação Medieval, para os alunos do primeiro ano da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, senti a necessidade de oferecer-lhes traduções de textos da época - das mais diversas áreas: da filosofia e da teologia à matemática e a retórica, passando pelo jogo de xadrez e por inscrições em relógios de sol etc.

Como não poderia deixar de ser, temos traduzido também diversas peças de teatro, pois o teatro é uma importante expressão da educação da época, além de prestar-se a ricas atividades em nossas salas de aula.

O teatro medieval - como a literatura e outras produções artísticas da época - comporta, tipicamente, um outro objetivo: o de instruir. Indissociável da Idade Média é, também, o elemento religioso: o teatro medieval surge - como que naturalmente - da liturgia, principalmente da liturgia da Páscoa.

Assim, em algumas abadias beneditinas, a liturgia passa também a representar episódios da vida de Cristo, sobretudo os da ressurreição (as antífonas são já uma plataforma de lançamento para o teatro). Um texto inglês do séc. IX descreve o acompanhamento da leitura litúrgica do Evangelho:



8º E 9º ANO

O teatro, esta arte híbrida


Ana Lúcia Vasconcelos


O teatro como todas as artes, não é fruto do acaso, mas é expressão do homem, ser humano vivendo no mundo, numa sociedade, numa comunidade, num grupo. Ou seja, a arte em geral, a mais alta expressão de emoções e sentimentos sob variadas formas: pintura, escultura, musica, dança, literatura, teatro, nasce da vivencia do artista em contato com a vida, com as relações sociais, políticas, econômicas da sociedade em que vive num determinado momento histórico. Ou seja, a obra de arte está estreitamente vinculada ao tempo-espaço no qual se origina.

O artista, portanto, é um alquimista, aquele ser diferenciado que vê o que os outros, os não artistas, não vêm, e consegue, graças ao seu talento, dom, transformar no seu cadinho interior, processar no seu cérebro, corpo, alma, espírito, aquelas idéias, sensações, emoções, sentimentos e transformá-los em obras de arte que serão mostradas aos outros homens, já que a obra de arte tem por fim ser usufruída vista vivenciada pelo espectador. O espectador da arte seja de uma obra pictórica, uma obra musical, uma obra teatral, ou um espetáculo de dança, não fica imune a ela, ao contrário é tocado por ela, transformado mesmo por elas, para o bem ou para o mal.

E ainda: uma obra de arte é de tal forma impregnada de significados, signos, símbolos, que pode inclusive ter diferentes interpretações dependendo do olhar que a vê. Ou seja, há um movimento constante, um dinamismo contínuo entre o artista que vê o mundo e o transforma em obra de arte e o espectador, que vê a obra de arte, é transformado por ela e responde com outras tantas questões que serão por sua vez novamente processadas pelo artista e transformadas em novas obras de arte.
Assim, se olharmos a história da humanidade vamos perceber que a cada momento histórico, sócio político-econômico correspondem determinados movimentos artístico-culturais, determinadas formas de expressão, diferentes estilos, que foram, digamos, catalogados a posteriori pelos críticos e historiadores da arte , de maneira que é possível discernirmos as transformações operadas nas diferentes civilizações do planeta pelo estudo das obras de arte produzidas por seus artistas.

A arte surgiu quando?

E a arte surgiu quando? Quando surgiram os primeiros artistas? Os historiadores dizem que a arte é tão antiga quanto o homem, quer dizer, ela existe desde que o homem existe e isso podemos comprovar estudando as várias eras históricas. O homem primitivo deixou marcada sua presença nas pinturas rupestres e monumentos, que podem ser vistas ainda hoje nas cavernas e campos da Europa. Ele retratava o que via com os materiais disponíveis: animais, touros, com tintas que conseguia na natureza, barro cozido, pedras. Foi assim que deixou monumentos-os dolmens e os menhires, as navetas, que justamente perduram até hoje porque foram construídas em pedras, e que contraditoriamente, do que se poderia imaginar, já que foram confeccionadas por homens primitivos, rudes, são absolutamente modernos, contemporâneos na sua simplicidade esquemática.

Assim, ao longo da história o homem vai deixando sua marca, sua impressão digital. Por que, poderíamos perguntar? Porque queremos que nossos pósteros saibam que existimos, queremos comungar com o outro, seja nosso contemporâneo ou não, queremos nos comunicar, já que nossa individualidade não nos basta, precisamos do outro para compartilhar nossas alegrias e dores, nossas angústias, nosso trabalho, enfim nossa vida.

“Porque o homem quer”, diz o poeta, escritor, filósofo e jornalista austríaco Ernst Fischer, no seu livro A Necessidade da Arte (Zahar Editores, 1966, SP), “ser mais que ele mesmo-quer ser um homem total. Não lhe basta ser um individuo separado, ele anseia por plenitude. Plenitude na direção da qual se orienta quando busca um mundo mais compreensível e mais justo, um mundo que tenha significação”.
Porque exatamente ele se rebela contra o fato de sua vida ter de se consumir apenas no âmbito particular de sua vida pessoal. Porque ele quer relacionar-se com alguma coisa mais que o seu Eu, alguma coisa que sendo exterior a ele, não deixa de lhe ser essencial. Por que o homem anseia por absorver o mundo circundante, integrá-lo a si, anseia por estender pela ciência e pela tecnologia o seu Eu curioso e faminto de mundo até as mais remotas constelações e até os mais profundos segredos do átomo. Enfim, “ele anseia por unir, na arte, o seu Eu limitado com uma existência humana coletiva e por tornar social a sua individualidade.”

E não apenas isso, ao mesmo tempo em que ele quer se perder e tornar-se um com o Todo, que seria afinal como que um embriagamento dionisíaco, que, aliás, está na origem do teatro-nascido dos rituais pagãos ligados à colheita da uva, dos rituais de primavera, dos rituais em honra ao Deus Dioniso, o Baco dos romanos, mas conteria ainda, segundo Fischer um elemento apolíneo - aqui a gente precisaria falar dos elementos que compõem o teatro na visão de Aristóteles-o elemento dionisíaco e o elemento apolíneo que vem de Dioniso e Apolo, o deus do equilíbrio das formas.

Ou seja, para Fischer o observador não se identifica com o que está sendo representado e até se distancia. Escapa através da arte, do poder direto com que a realidade o subjuga, libertando-se, através da apresentação do real, do esmagamento que esta mesma realidade cotidiana realiza nele. Em outras palavras, e porisso ela é tão importante, a arte conteria esta dualidade: de um lado a absorção na realidade, e de outro a vontade de controlá-la, ou transformá-la. Daí que Ernst Fischer pede que não nos iludamos quanto a isso: o trabalho do artista é um processo altamente consciente, processo que afinal resulta na obra de arte como realidade dominada e não, de modo algum, como um estado de inspiração embriagante.
Para conseguir ser um artista, e todos nós aqui confirmamos isso, é preciso muito mais do que momentos inspirados: é preciso transformar a experiência em memória, a memória em expressão, a matéria em forma. Daí que apenas a emoção não é tudo para um artista: para transmitir a emoção, sensações, sentimentos que capta do mundo, o artista precisa saber tratar a emoção, trabalhá-la. Precisa conhecer todas as regras, técnicas, recursos, formas e convenções com que a natureza pode ser dominada. Ou seja, como completa Fischer: “o artista não é possuído pela besta-fera, mas ele a doma”.

O teatro - esta arte híbrida

http://www.saldaterraluzdomundo.net/imagens/AlbumFamilia.jpgE aqui entramos no nosso tema propriamente dito: o teatro é uma arte complexa, uma arte híbrida porque composta de outras artes. Vejamos: o teatro tal como o conhecemos hoje-não vamos falar de como cada elemento foi sendo incorporado e desenvolvido-é composto de várias outras artes. O drama que pertence ao domínio da literatura; a arte da interpretação, da representação propriamente dita, que seria afinal o sumo do teatro que tem no ator sua figura primordial. Enquanto nas outras artes o artista utiliza um instrumento-na musica, o piano, o violino, o atabaque, a flauta, o teclado, etc., nas artes plásticas o pigmento, na escultura, argila, madeira, pedra, etc., no teatro, como na dança, o instrumento do ator é seu corpo, que ele precisa manter afinado.

Mas enquanto o dançarino precisa apenas do seu corpo, o ator precisa também de seu aparato vocal. Assim ele tem que estudar dicção e impostação, canto e dança. Enfim, precisa saber articular as palavras do texto de forma a ser entendido pela platéia. E mais, precisa trabalhar o corpo, a expressão corporal, já que não só de falas vive o teatro, mas de todo o gestual: o ator fala com as mãos, com os olhos, com todo o seu corpo.

Além disso, o teatro ainda é composto de outras artes: os cenários que pertencem ao reino da arquitetura e pintura, os figurinos que pertencem à arte da indumentária, e a luz que pertence à arte da iluminação, com suas regras próprias e hoje com todo um aparato tecnológico jamais visto em outras épocas; a musica que não entra apenas como complemento, como suporte da ação, mas participa da própria arte como um todo, dando-lhe seu substrato.

E mais: o tempo e o tom, o andamento, o ritmo são linguagens, tanto quando a palavra no teatro, e às vezes um é mais importante que o outro, para transmitir a idéia. Stark Young famoso crítico de teatro inglês, no seu clássico O Teatro, da Zahar Editores, exemplifica este ponto dizendo que a simples palavra não, não significa apenas uma negação ou recusa, mas por meio do tempo e do tom vocal, podem ter outras significações.

Assim quando um personagem pergunta: “Tem certeza que ele é culpado?” O outro responde não imediatamente, ou cinqüenta segundos depois numa entonação aguda, ou um minuto após a pergunta num tom enraivecido, e assim por diante, ele está dizendo coisas diferentes, das quais a palavra não compõe apenas uma pequena parcela. O que leva nos leva a concluir que as gradações e os valores do som no teatro são a seu modo, tão infinitos quanto a música, e que o silêncio tanto quanto a palavra também fala no teatro.

E finalmente temos a figura importante, fundamental, do diretor, que é o condutor, o que vai extrair do texto suas idéias chaves e levar os atores expressá-las de forma fiel, não apenas às idéias do dramaturgo, mas à sua concepção específica daquele espetáculo. Ou ainda, é o diretor que vai conduzir os atores, cenógrafos, figurinistas, iluminadores, músicos numa criação coletiva que é sintetizada num texto por um dramaturgo.

E tudo isso é preciso esclarecer, todas essas artes: o drama, a arquitetura, a pintura, a indumentária, a musica, a iluminação, a maquiagem, o penteado, não podem existir sozinhas no teatro. Cada uma delas tem que se tornar teatral, ou permanece um corpo estranho. Ou seja, todas essas artes têm que ser transpostas para termos teatrais, todas tem que servir ao clima dramático da peça-aquela ótica do teatro especial, que faz desta arte o que ela é: uma arte única.

Realidades que representam outras realidades

Os estudiosos dos signos teatrais dizem que todas as realidades da cena: o texto do autor, a atuação do ator, a iluminação, os cenários, os figurinos, a musica, os ruídos, a maquiagem, o penteado, os acessórios são realidades que representam outras realidades. Uma manifestação teatral é, portanto um conjunto de signos. “A arte teatral, diz o autor do artigo A Mobilidade dos Signos Teatrais, Jindrich Honzl, que é um dos quatro que compõem o livro O Signo no Teatro-A Semiologia Aplicada à Arte Dramática, (Editora Globo, 1977, Porto Alegre)” é uma arte de representação. O ator representa um personagem, a cena representa o local da ação, a luz branca representa o dia, a luz azul a noite, a música representa um acontecimento e assim por diante.”

“Em outras palavras não faz diferença o fato da cena ser parte de uma construção, ser parte do Teatro Nacional, ou um campo limitado por um bosque, ou ainda algumas tábuas colocadas sobre barris, ou um canto da praça do mercado, rodeado por espectadores. O que importa é que a cena do Teatro Nacional possa representar um campo, ou um campo de um teatro rural possa representar uma praça, ou o canto da praça do mercado ocupado pelo teatro, represente o interior de um albergue: isso é teatro”.
E a mobilidade dos signos teatrais é tal que as experiências de vanguarda feitas no mundo tem provado isso. Por exemplo, as experiências cubo-fururistas realizadas na Alemanha, na Rússia, liberaram a cena, os cenários das suas funções, de forma que a cena podia ser criada em qualquer lugar, não apenas no teatro ou no palco. Da mesma forma os cenários não eram armações recobertas de telas pintadas. Os vanguardistas alemães usaram numa montagem de Shakespeare, uma ogiva gótica representando uma igreja, armas inglesas numa cortina de seda para designar a sala de armas do palácio, chão verde para significar um campo de batalha.

Outros diretores usaram o ator fazendo a função de cenário e temos exemplos disso nas montagens polonesas onde um ator-oceano aparece caracterizado de modo neutro-vestido de azul invisível e o rosto coberto por uma máscara azul, agitando um véu azul esverdeado preso no chão a seu lado e as ondulações deste véu sugerindo as ondas do mar. Ou então o ator-móvel-dois atores vestidos de modo invisível se ajoelham na frente do outro segurando as quatro pontas de uma toalha retangular ou ainda ao lado de um ator que faz o papel de capitão outro ator vestido de azul segura um cabo de uma sirena de navio, esperando que o capitão o abaixe para assinalar sua passagem pelos outros navios.
Há outros exemplos: atores sugerindo tempestade de neve, graças a diversas trucagens e isso tem influencia do teatro chinês e japonês. O teatro chinês possui uma cena rudimentar e as indicações espaciais são transpostas para outros elementos de cena. Vejamos: um personagem abandona o castelo sitiado. Ele caminha para frente do palco. De repente surge o cenário de fundo que representa a porta do castelo em tamanho natural. Um segundo cenário aparece: a porta é menor, o que significa que o ator se distanciou. Ele prossegue seu caminho. Sobre um pano de fundo cai uma cortina verde-escura. Ele perdeu de vista o castelo.

No teatro japonês igualmente não é necessário que um espaço seja indicado por um espaço, um som por um som, uma luz por uma luz. Podemos ver sons, ouvir um imenso campo, e a simples percepção do traje de um ator pode nos informar o que no teatro europeu ficaríamos sabendo por meio de palavras.
E não é só no teatro japonês ou chinês ou polonês ou alemão que se fazem experiência deste tipo. Aqui bem perto de nós diretores como Antunes Filho e Gerald Thomas e outros experimentam no teatro. Quem viu o espetáculo Nelson Rodrigues Eterno Retorno, um espetáculo de Antunes Filho sobre várias peças de Nelson Rodrigues, deve se lembrar que ele usava um palco nu e sete cadeiras e uma dezena de atores maravilhosos e o resultado era deslumbrante.

http://www.saldaterraluzdomundo.net/imagens/--cena.jpg


Afinal o que está no fundo da vontade de representar

Agora por que fazer teatro? Para que os amantes do teatro querem fazer teatro? Qual seria a finalidade ou função do teatro e toda arte? Bem resumido, que esta é uma questão complicada, vou citar apenas duas concepções de tres famosos escritores, críticos, criadores de teatro e literatura.
No prefácio do livro O Teatro e sua Realidade, de Bernard Dort, o ator e diretor brasileiro Fernando Peixoto, que participou de momentos importantes da história do teatro nacional como a montagem de O Rei da Vela, de Oswald de Andrade-que foi um marco na história do teatro brasileiro, dirigida pelo José Celso Martinez Corrêa, criador do famoso Teatro Oficina na década de 60, especialista em Brecht, cita uma frase do Julien Beck criador do Living Theatre famoso grupo de vanguarda que foi moda nas décadas de 60 e 70 que é a seguinte.: “Teatro é vida”, enquanto Dort, repetindo Brecht afirmou: “Teatro não é vida, é representação, não se confunde com a vida, possui sua realidade específica e seu objetivo é fazer o espectador, depois, intervir na vida”.

********************************************************************************

Sobre o mesmo assunto, Jean Paul Sartre, famoso escritor francês, criador do existencialismo, assim se expressou sobre a finalidade do teatro: “Todos nós sabemos que o mundo muda que transforma o homem e que o homem transforma o mundo. E se não for este o tema profundo de toda peça de teatro, então é porque o teatro não tem mais tema.”

Enfim é isso: o teatro como todas as artes tem esta dupla finalidade ou contém em si essa dualidade: fazer o espectador mergulhar numa realidade entre aspas fictícia, para que, se perdendo nela, se purifique de suas emoções, sentimentos, realize para retomar seu equilíbrio e mudar, não apenas, sua vida, mas a vida da comunidade em que está inserido. Se não for esta a finalidade do teatro: nos transformar para transformarmos o mundo, então ele não está cumprindo sua função.

***********************************************************************************************************

6º E 7º ANO

O TEATRO

1. A HISTÓRIA DO TEATRO

Ninguém sabe ao certo como e quando surgiu o teatro. Provavelmente nasceu junto com a curiosidade do homem, que desde o tempo das cavernas já devia imaginar como seria ser um pássaro, ou outro bicho qualquer. De tanto observar, ele acabou conseguindo imitar esses bichos, para se aproximar deles sem ser visto numa caçada, por exemplo.

Depois, o homem primitivo deve ter encenado toda essa caçada para seus companheiros das cavernas só para contar a eles como foi, já que não existia ainda linguagem como a gente conhece hoje. Isso tudo era teatro, mas ainda não era um espetáculo.

2. SANTO TEATRO!

Quem vai assistir a essas peças engraçadas e debochadas hoje em dia talvez nem imagine que o teatro, há muito tempo, era sagrado. É isso mesmo! As pessoas acreditavam que por meio de rituais (encenações) era possível invocar deuses e forças da natureza para fazer chover, tornar a terra mais fértil e as caças mais fáceis, ou deixar os desastres naturais bem longe de sua comunidade.

Estes rituais envolviam cantos, danças e encenações de histórias dos deuses, que assim deveriam ficar felizes com a homenagem e ser bonzinhos com os homens.

Ainda hoje, muitas espécies de teatro, especialmente no Oriente, ainda são ligados ao sagrado, e encenam histórias de deuses há milênios...

3. O TEATRO GREGO

Muitos deuses eram cultuados na Grécia, há muito tempo, cerca de cinco séculos antes de Cristo. Eram deuses parecidos com os homens, que tinham vontades e humores, e eram ligados com os elementos da Natureza e da vida. E um deus muito especial era Dioniso, ou Baco. Dioniso era o deus do vinho, do entusiasmo, da fertilidade e do teatro.

Em sua homenagem, eram feitas grandes festas, em que as pessoas cantavam e narravam em coros uma poesia chamada ditirambo. Tinha até concurso de ditirambo!

Dos ditirambos nasceu outra festa para homenagear Dioniso, as Dionísias Urbanas. Foi nas Dionísias que surgiu o primeiro traço do teatro como conhecemos hoje: um dos atores do coro se desligou e disse ser um deus, ou um herói, e não ele mesmo, e assim começou a dialogar com o coro. Foi assim que surgiram os primeiros atores, e este foi o primeiro passo para as peças de teatro escritas.

4. TRAGÉDIAS E COMÉDIAS

As peças de teatro na Grécia antiga contavam histórias dos mitos gregos, onde os deuses eram muito importantes. Elas passaram a ser representadas em espaços especiais, que são parecidos com os teatros de hoje. Eram construções em forma de meia-lua, cavadas no chão, com bancos parecidos com arquibancadas, chamados teatros de arena.

Um dos mais famosos está em pé até hoje, em Atenas, na Grécia, e se chama Epidaurus. Uma coisa curiosa nas encenações é que só os homens podiam atuar, já que as mulheres não eram consideradas cidadãs. Por isso, as peças gregas eram encenadas com grandes máscaras!

Existiam dois tipos de peças: as tragédias e as comédias. As tragédias eram histórias dramáticas, e mostravam homens que, por não aceitarem a vontade Divina, acabavam em maus bocados. Os autores de tragédia grega mais famosos foram Ésquilo, Sófocles e Eurípides.

As comédias eram histórias engraçadas chamadas sátiras, que são gozações da vida. Um grande autor de comédia grega foi Aristófanes.

Todos esses autores influenciaram muito o teatro que veio depois, e suas peças são encenadas até hoje.

5. TEATRO MAMBEMBE

OS SALTIMBANCOS

Muitos anos depois, na Idade Média, lá por volta do século 12, apareceram na Europa companhias de teatro que ia de cidade em cidade. Este teatro já não tinha nada de religioso, e seus atores e atrizes, chamados de saltimbancos, literalmente carregavam a casa nas costas. E não só a casa: os cenários das peças, seus figurinos (as roupas usadas), maquiagem, etc. Eles andavam em carroças, sempre em bandos, chamados trupes, e não tinham morada certa. Eles também representavam peças engraçadas ou dramáticas, como os gregos. Hoje, esse teatro itinerante também é conhecido como teatro mambembe.

Mas não pense que ficar "de galho em galho" era o sonho da vida dos saltimbancos! É que na época em que eles viviam, a Igreja era muito poderosa e implicante, e escolhia o que as pessoas podiam representar, de preferência textos cristãos. E os saltimbancos não queriam saber dessa prisão, pois o negócio deles era usar a criatividade e representar o que bem quisessem.

Perseguidos pela Igreja e sendo tratados como foras-da-lei, os saltimbancos começaram a usar máscaras, para não serem reconhecidos. Uma tradição que descende diretamente dos saltimbancos é o circo, que até hoje anda de cidade em cidade apresentando seus números.

6. A COMÉDIA DELL’ARTE

Com o Renascimento, três séculos depois, o teatro deixou de ser tão perseguido pela Igreja. As artes floresciam: pintura, arquitetura, música. O homem passou a ser o objeto de interesse dessas artes, e não mais os deuses (ou, no caso da Igreja católica, o Deus). Foi a época de artistas muito importantes, como Da Vinci (que pintou a Mona Lisa) e Michelângelo.

Por essa época surgiram os teatros parecidos com os de hoje, casas com palco e platéia, e também a ópera, mistura de música com teatro. A Itália foi o palco de um gênero chamado commedia dell’arte.

Os atores da commedia dell’arte eram muito versáteis (faziam de tudo): cantavam, dançavam, representavam, faziam malabarismos... Tudo para agradar seu público! Eles também formavam trupes que iam de cidade em cidade, e nunca decoravam nada, sempre improvisavam as peças.

Esses atores faziam sempre os mesmos papéis, tão famosos que você já deve ter ouvido falar neles: Polichinelo, Arlequim, Colombina, Pantaleão... Cada papel tinha uma máscara, que cobria só a parte de cima do rosto. Ainda hoje, podemos ver peças inspiradas nesses personagens maravilhosos. No Brasil, eles viraram até tema de carnaval!

7. SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO!

Essa frase tão famosa todo mundo conhece, mas será que todo mundo sabe quem a escreveu? Pois foi um dos maiores mestres que o teatro já conheceu, o bardo (poeta) William Shakespeare. Shakespeare nasceu em 1564, na Inglaterra, na cidade de Stratford-upon-Avon, e foi um apaixonado pelo teatro. Escreveu muitas peças e ficou muito conhecido, tendo inclusive a honra de apresentar suas obras nos palácios dos reis, coisa que não era para qualquer um!

Ele também construiu um teatro, que está de pé em Londres até hoje, chamado Globe Theatre, em forma de globo (daí o nome). Mas ficou famoso mesmo por suas peças, imortais, que retratavam os tipos humanos como nunca nenhum autor conseguiu fazer depois dele. Algumas de suas peças mais conhecidas são Romeu e Julieta, Hamlet e Sonho de uma Noite de Verão. Aliás, a frase tão famosa lá de cima é da peça Hamlet... Depois de Shakespeare, o teatro nunca mais seria o mesmo.

8. O TEATRO DO ORIENTE

O TEATRO DO LADO DE LÁ DO MUNDO

A gente já falou tanto do teatro do lado de cá do mundo... Mas e o teatro oriental?

No Oriente existem formas maravilhosas de fazer teatro. Algumas delas são típicas do Japão, como o teatro Nô e o Kabuki. Tanto um como o outro são encenados da mesma forma há mais de mil anos. A natureza é o tema principal de suas peças, que também contam histórias do folclore de seu povo. As roupas são muito bonitas e ricas, e os atores usam bastante maquiagem, tanto que os japoneses ficaram feras na maquiagem para teatro!

Como o teatro grego, só os homens podem atuar. Os papéis também são fixos, isto é não mudam, como na commedia dell’arte, e os atores estudam muito para representar seus papéis com perfeição. Quando uma pessoa vai assistir a uma peça Nô ou Kabuki, não vai para ver a história, que ela já sabe qual é, mas para ver o trabalho dos atores. Muitos deles representam um único papel... a vida inteira!

Na Índia, o teatro está muito ligado à dança. Os atores também estudam muitos anos, e dão especial atenção à expressão do corpo, através dos gestos e do movimento de cada parte do corpo, até mesmo dos olhos!

Cada gesto tem um significado especial para as histórias, que contam quase sempre passagens da mitologia indiana, e são muito, muito antigas. Uma das mais importantes se chama Ramayana, e conta a história do rei Rama. Na China, o teatro e o canto estão sempre juntos. Tanto que uma das formas mais conhecidas desse teatro é a ópera de Pequim, capital da China), onde os atores também usam maquiagens especiais, como os atores japoneses.

9. O TEATRO HOJE

Dá para perceber que, com tantas influências, o teatro de hoje é uma arte muito rica, muito misturada. Existe a ópera, o teatro de bonecos, o teatro-dança, os musicais, o teatro de rua, o teatro feito em espaços alternativos (como hospitais, presídios), enfim, uma mistura daquelas!

Quando apareceu o cinema, há mais de cem anos, muita gente previu o fim do teatro. Falavam que o cinema iria substituí-lo, porque podia criar histórias com muito mais semelhança com a realidade. Mas isso não aconteceu.

Quem pensava assim não percebeu que o grande barato do teatro é o fato de ele ser uma obra de arte viva, ou seja, depende da presença de quem atua e de quem assiste. O teatro é fascinante pois é um jogo da imaginação. Todo mundo está cansado de saber que aquele cenário lá no fundo não é uma floresta... e daí? Naquele momento e naquele lugar, ele vai ser uma floresta para aquelas pessoas que estão participando. Quando a gente vai ao teatro, não quer ver a cena "certinha" e que nunca muda. A gente quer ver o improviso, o novo, o diferente que vive nos atores e nos olhos de cada plateia

4º BIMESTRE!!!

Pessoas lindas do Basílio's! Enfim, chegamos ao 4º bimestre de 2011!
E como não podia deixar de ser esse bimestre passa voando, quando vemos, já acabou e por isso, muitas vezes os professores dão aquela aceleradinha básica e vocês ficam reclamando....

Bem, maas visando um melhor aproveitamento dos dias que nos resta, gostaria muito que vocês visitassem este espaço que foi feito para nossa comunicação e para que vocês tenham acesso a materiais.

Vou colocar aqui os materiais que utilizei em sala e que serão ASSUNTO DO SIMULADO!
Aquele que por ventura faltou a alguma aula ou, perdeu a folhinha que recebeu poderá consultar os textos aqui no blog e imprimi-los para estudar.

Além disso, vou começar a postar arquivos relacionados às peças.

Um beijinho no coração de cada um. Fiquem com Deus!!!

Tia Débora!